Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

22 jun 2020

Transmissão em corrente contínua: impactos do seu uso

Fonte.:  Estadão / Por Pedro Prescott

No Brasil existem usinas distantes do centro de carga, o que torna vantajosas as linhas de transmissão de energia elétrica em corrente contínua. Em relação à corrente alternada, a transmissão em corrente contínua proporciona redução de perdas e de custos para grandes distâncias.

Em 1986 foi inaugurada o primeiro elo de transmissão em corrente contínua no Brasil: com capacidade de 6.300 MW e tensão de 600 kV duas linhas entre Foz do Iguaçu/PR e Ibiúna/SP hoje escoam energia da UHE Itaipu para a região Sudeste.

Décadas depois (entre 2011 e 2012), foi iniciada a operação de duas linhas em corrente contínua entre Porto Velho/RO e Araraquara/SP, com capacidade total de 6.300 MW e tensão de 600 kV para escoar energia das usinas Santo Antônio e Jirau.

Para a UHE Belo Monte, também foram construídas duas linhas em corrente contínua para escoar energia: a primeira, entre Xingu/PA e Estreito/SP, entrou em operação em dezembro de 2017, e a linha entre Xingu/PA e Terminal Rio/RJ, em outubro de 2019 ─ ambas com tensão de 800 kV e capacidade de escoar 4.000 MW de energia cada uma.

A transmissão em corrente contínua apresenta números superlativos no Brasil:

– mais de dez mil quilômetros de linhas de transmissão;

– a mais alta-tensão em operação no Brasil (800 kV) é utilizada nas linhas que escoam energia de Belo Monte;

– juntas, as linhas de corrente contínua podem transmitir quase 21 GW (cerca de metade do consumo do Sudeste/Centro-Oeste); e

– cerca de R$ 3 bilhões de custo anual pagos por geradores e consumidores, que equivalem a 12% da Receita Anual Permitida (RAP) no Sistema Interligado Nacional (SIN).

O custo de uma linha de transmissão deve ser inferior ao benefício por ela proporcionado no mercado de energia de forma que o investimento seja eficiente. A título de ilustração, simulamos o efeito nos preços da energia em 2020 decorrente da linha de transmissão entre Xingu/PA e Terminal Rio/RJ (última em corrente contínua a entrar em operação, com 4.000 MW de capacidade). Caso houvesse restrição total no uso da linha, ocorreria um aumento de custo, percebido no preço da energia, estimado em R$ 10 bilhões no ano de 2020. Ao comparar esse valor ao custo anual da linha, cerca de R$ 1 bilhão, o benefício líquido proporcionado por ela seria de R$ 9 bilhões. O exercício ilustra o efeito econômico da alteração nos limites de transmissão.

Nota-se que nos últimos anos ocorreram interrupções e restrições na transmissão das novas linhas de corrente contínua ─ com prejuízo para o uso pleno da capacidade de transmissão. Dados do ONS mostram que os índices de disponibilidade das novas linhas em corrente contínua podem melhorar. Nesse sentido, é essencial o desconto, previsto na regulamentação, aplicado sobre a receita das transmissoras em função de indisponibilidades apuradas.

Recentemente, tem-se restringido o uso da transmissão de corrente contínua sob a justificativa de garantir a confiabilidade do sistema. A possibilidade de interação adversa entre bipolos de corrente contínua, por falha de comutação, é um dos principais fatores para as atuais restrições na transmissão para a região Sudeste. Entretanto, como alternativas a essa medida estuda-se elevar a inércia e a compensação síncrona na mesma região, bem como a atuação de Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC).

Como mencionado anteriormente, a restrição de limites de transmissão pode resultar em aumento de custo para o sistema. No curto prazo, pode provocar diferenças de preços entre submercados, problemas de liquidez no mercado e perdas energéticas, a exemplo de vertimentos turbináveis nas hidrelétricas.

A grandiosidade da transmissão em corrente contínua no Brasil se manifesta na tensão, na distância percorrida pelas linhas, na capacidade de escoamento de energia e na redução de custos que suportou a decisão de sua implantação. Para que os benefícios superem os custos, é essencial que se busque o uso dos limites até a capacidade nominal das linhas de transmissão, aproveitando ao máximo os recursos disponíveis no sistema.

*Pedro Prescott é especialista em Energia da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE)