Fonte.: Mídia do Estadão / Wagner Freire
São Paulo, 15/01/2021 – Ao menos duas das principais associações do setor elétrico enviaram pedidos oficiais ao Ministério de Minas e Energia (MME) e ao Ministério da Saúde (MS) pedindo prioridade na vacinação de seus colaboradores de linha de frente, apurou o Broadcast Energia. São eletricistas, leituristas, atendentes e técnicos de manutenção de redes elétricas que precisam trabalhar para garantir que a população e hospitais tenham o fornecimento de eletricidade assegurado, sob o risco de perder vidas em caso de interrupção do serviço.
“Em dezembro, nós encaminhamos uma correspondência ao ministro de Minas e Energia e ao Ministro da Saúde solicitando exatamente que fosse dada prioridade às equipes de campo. Entendemos que essas equipes estão em contato com a população, são eletricistas, leituristas e agentes de atendimento. Eles deveriam ter essa prioridade, objetivando a segurança dessas equipes para poderem continuar prestando o trabalho que dá segurança ao fornecimento de energia elétrica, assim como a própria população”, disse o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, que foi diretor de distribuição das antigas distribuidoras da Eletrobras.
Desde o mês de abril, mesmo em meio às medidas de distanciamento social, as concessionárias de distribuição de energia elétrica mantiveram as equipes de campo “que no dia a dia estão cuidando” da rede em contato com a população. No início da pandemia, a circulação dos profissionais que medem o consumo de energia em residências e comércios chegou a ser interrompida em muitas concessionárias. O processo foi retomado meses depois.
“Toda essa interação com a população não tem como ser diferente no segmento de distribuição, pela característica de trabalhos destas equipes. A partir do segundo trimestre do ano passado, também foram reabertas as agências de atendimento com autorização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), com isso essas equipes também passaram a ter contato com a população nas lojas de atendimentos. Tomamos as medidas de saúde, mas mesmo assim existe todo um contato”, alertou Madureira.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), Mário Miranda, disse em entrevista nesta sexta-feira (15) que repetiu o apelo ao MME, feito originalmente em dezembro de 2020. A resposta dada, segundo ele, foi que um secretário do alto escalão do ministério está cuidando do assunto.
“O setor elétrico deveria estar na lista de prioritários, e fizemos um pleito ao Ministério de Minas e Energia em dezembro para que, dado o caráter de essencialidade do serviço que prestamos, que nós fôssemos também inseridos na lista de prioridade, não saberia em qual lista”, disse Miranda.
“A prioridade que pedimos não é pela idade ou condição de comorbidade, mas por causa do tipo de prestação do serviço, para assegurar a prestação adequada, com os altos índices que estamos prestando, porque, do contrário, qualquer falha de energia elétrica pode ter um efeito mais devastador do que qualquer outro elemento”, explicou o representante das empresas responsáveis por transportar grandes volumes de energia elétrica pelo País.
“Assim como o setor de transmissão é um elo essencial de integração entre os agentes geradores e os consumidores, a vacina para nós é essencial para assegurar a prestação do serviço em sua plenitude, cumprindo os cronogramas estabelecidos, sem reservas e, principalmente, dando conta da preservação da saúde humana”, acrescentou Miranda.
O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE), Mário Menel, reforçou o pedido de prioridade do Governo Federal na vacinação desses profissionais. “O risco dos profissionais de distribuição e transmissão é muito maior do que eu que estou preso em um apartamento há dez meses. É claro que o risco de exposição deles é grande e por isso eles merecem uma prioridade.”
Muitas vezes, em uma ação de restabelecimento do fornecimento de energia elétrica, há a necessidade do deslocamento de equipes de cinco pessoas em um único veículo. “Em uma obra de infraestrutura elétrica, até é possível espaçar as ações. No entanto, em uma ação de recuperação de um circuito, a urgência é importante e precisa ser feita de uma vez só”, explicou Menel, liderança máxima dos agentes do mercado de energia elétrica no Brasil.
Procurado para se manifestar sobre como ficará a situação desses profissionais, o Ministério de Minas e Energia afirmou que reconhece a importância dos profissionais do setor e “está tomando as providências que lhe cabe, respeitando, sobretudo, as competências institucionais dos órgãos responsáveis pela matéria”.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, a vacinação em massa é fundamental para a retomada da economia e o pleno funcionamento do setor energético brasileiro. “2021 será um ano em que os brasileiros além de ter acesso à vacina, condição essencial à vida, terão acesso à portabilidade da conta de luz, indispensável para reduzir o exorbitante preço da energia elétrica no Brasil”, afirmou.
O presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), Paulo Arbex, disse que tem recomendado aos seus associados que sigam “os protocolos de tratamento que tem dado muito sucessos e salvado muitas vidas; e que tomem as vacinas que vierem a ser aprovadas pela Anvisa com um bom grau de eficiência”. “Em Manaus, a situação é muito delicada, mas temos lido que a prefeitura, o governo estadual e o governo federal estão agindo e devem controlar esse problema o mais rápido possível. A gente torce para isso”, disse o presidente da entidade que representa os pequenos produtores de energia hidrelétrica.
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace) também destacou a importância de um planejamento de vacinação nacional que permita à população enfrentar a pandemia. “Quanto mais cedo isso acontecer e com a maior eficácia, maiores são as chances de uma rápida recuperação econômica. O melhor caminho para sairmos da crise é o do desenvolvimento e da geração de empregos”, afirmou o presidente da entidade, Paulo Pedrosa.