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28 jan 2021

Chineses são principais players do setor elétrico do Brasil, mostra estudo

14 empresas chinesas já investiram US$ 36,5 bilhões desde 2019. Destaque fica com State Grid, CTG e Spic

Fonte.: CANALENERGIA / PEDRO AURÉLIO TEIXEIRA DO RIO DE JANEIRO

Estudo produzido pelo Centro de Política de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston mostra que os chineses, por meio de uma combinação de fusões e aquisições, investimentos diretos e um processo de internacionalização do setor elétrico brasileiro, são os principais players estrangeiros atuando no Brasil. O estudo mostra que em 2019, elas representavam 10%, 12% e 12% da geração, transmissão e distribuição do Brasil, respectivamente; ocupando o segundo, terceiro e quarto lugares em termos de porcentagem de nacionalidades.

O estudo identificou pelo menos 14 elétricas chinesas que estavam ou estão investindo ou operando no Brasil, incluindo State Grid, CTG, China General Nuclear Power (CGN) e Spic. Essas e outras empresas investiram e estiveram envolvidas em projetos de construção no Brasil que somam US$ 36,5 bilhões até 2019. O primeiro investimento foi feito em 2005, mas a partir de 2010 começa o crescimento, com o ápice nos anos de 2015, com US$ 6,5 bilhões e 2017, com US$ 15,6 bilhões, encabeçado por negócios fechados pela State Grid e CTG, como o segundo trecho do linhão de Belo Monte e a aquisição da CPFL Energia, (State Grid) e a compra das usinas de Jupia e Ilha Solteira (CTG).

No final de 2019, essas empresas possuíam integral ou parcialmente 304 usinas que totalizavam 16.736 MW, o equivalente a quase 10% do sistema nacional. Por fonte, 70% da capacidade chinesa no Brasil em 2019 foi em energia hidrelétrica (11.798 MW). A energia eólica consumiu 17% (2.888 MW), e biomassa, solar, petróleo e carvão representaram 5% (759 MW), 4% (680 MW), 3% (532 MW) e 1% (79 MW), respectivamente.

As empresas chinesas usaram o mecanismo de fusões e aquisições, em lugar dos investimentos Greenfield. Esses projetos representaram 76% do total, ou US$ 27,6 bilhões. Exceto em 2013, 2014 e 2018, a quantidade de negócios brownfield foi maior do que os greenfield em todos os anos. O maior valor foi realizado nos anos de  2015, 2017 e 2019. Os projetos Greenfield são 20% do total, com US$ 7,4 bilhões. Os linhões de Belo Monte se destacaram. Já os projetos de engenharia e serviços fornecidos somaram 4% de todo o capital desembolsado, ou cerca de US$ 1,5 bilhão.

Por conta da compra da CPFL e da construção das LTs de Belo Monte, a State Grid foi a chinesa que mais investiu no Brasil, com 56% do total do investido pelo país no Brasil, seguida pela CTG com 27%, CGN com 6% e Spic com 3%. Em termos de investimento direto estrangeiro, foram realizadas 176 transações e a CTG possui o maior número de negócios, por estar indiretamente presente no Brasil desde 2011, quando comprou parte da EDP em Portugal. A EDP do Brasil tem investido de forma consistente por aqui desde então.

O Sudeste brasileiro recebeu 66% do total investido, até porque São Paulo foi o principal destino dos recursos. O Nordeste veio em segundo lugar com 11%, seguido pelo Centro-Oeste com 10%, Sul com 7% e Norte com 6%. A geração ficou com a maior fatia nos investimentos chineses no Brasil, com 81% do total ou cerca de US$ 29,7 bilhões. A maioria dos negócios aconteceu nos últimos seis anos do período, com os maiores números em 2015, 2017 e 2019, devido às transações brownfield de CTG, State Grid e CGN, que chegou ao Brasil em 2019.