Fonte.: Valor Econômico
Elétrica paranaense tem preferência por ativos “brownfield”, mas não descarta participar de leilões do governo
Por Letícia Fucuchima — De São Paulo
A Copel está buscando novos negócios nos segmentos de geração e transmissão de energia e tem preferência por ativos “brownfield”, nos quais o risco de construção já está superado. “As renováveis são os ativos ‘sexy’ do mercado, temos muita atenção nisso. Estamos com algumas conversas e acompanhando alguns processos de investimento”, disse ontem o diretor-presidente da estatal paranaense, Daniel Slaviero, em reunião online com investidores e analistas.
O executivo não comentou preferências por fontes de geração, mas afirmou que a companhia precisa “romper a barreira do solar”, uma fonte que ainda não tem em seu portfólio.
Porém, a elétrica não descarta avaliar oportunidades “greenfield” em leilões do governo, desde que tenham sinergias com as operações atuais. Uma possibilidade no radar são linhas de transmissão na região Sudeste, especialmente no Paraná e em São Paulo.
Já no segmento de distribuição, a Copel vê dificuldades para crescer através de aquisições. Segundo Slaviero, a companhia não participará do processo de privatização da CEB, distribuidora de Brasília, por não enxergar ganho de escala ou sinergia. “A Celesc [companhia catarinense] já tem um investidor privado com participação relevante, a CEEE [companhia gaúcha, em processo de privatização] está sitiada pela CPFL. Vemos pouco espaço de crescimento territorial”, acrescentou.
Nesse sentido, os esforços na área de distribuição estarão concentrados em melhorar a base de ativos e ampliar a base de remuneração regulatória (BRR). A revisão tarifária periódica da distribuidora da Copel acontecerá em 2021 e estima-se que os investimentos realizados nos últimos anos possam elevar em cerca de 50% a base remuneratória, atualmente de R$ 4,9 bilhões.
Outra prioridade da elétrica paranaense é a renovação da concessão de sua maior usina, a hidrelétrica Foz do Areia, cujo contrato se encerra em 2023. A avaliação é que vale a pena seguir com a processo mesmo sob a condição de venda do controle acionário, já vez que, caso a usina seja relicitada, a Copel pode não ser tão competitiva diante de outras companhias com acionistas estrangeiros.
“[Renovar a concessão] Traz mais ganho do que correr o risco de perdê-la. Ainda vamos ficar com 49% de um ativo por mais de 30 anos, e toda a parte de O&M [operação e manutenção] e infraestrutura de engenharia continuaria sendo feita pela Copel”, afirma Slaviero.
As companhias que pretendem renovar concessões de hidrelétricas próximas ao vencimento – Cemig e CEEE, além da Copel – estão discutindo com o Ministério de Minas e Energia (MME) o cálculo do bônus de outorga. Os valores ainda não estão fechados. O presidente da estatal paranaense defende que as referências usadas para o cálculo do bônus de outorga da usina de Porto Primavera, na ocasião da privatização da Cesp, serviam a uma realidade “que não existe mais”. “Você tem novas fontes entrando, queda de demanda causada pela covid-19, o custo da energia caindo… Isso obviamente precisa ser revisto”.