Agência “não é senhora de todos os itens” em funcionamento no sistema de transmissão, diz André Pepitone, ao falar do Amapá
Fonte.: Valor Econômico / Rafael Bitencourt
A demora no restabelecimento do fornecimento de energia no Amapá, após a subestação de transmissão de Macapá ser atingida por um raio na semana passada, levou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, a defender ontem o trabalho de fiscalização do órgão. A agência foi criticada por não conseguir antever a grave falha de segurança do sistema de abastecimento local que provocou a indisponibilidade de três grandes transformadores e, principalmente, não permitiu a retomada do fornecimento de todo Estado nas horas seguintes.
Ao abrir a reunião semanal da diretoria, Pepitone buscou esclarecer os procedimentos de fiscalização das linhas de transmissão do país. Ele afirmou que as linhas que integram a rede básica são monitoradas por indicadores de desempenho.
Segundo o diretor, somente após perceber um “comportamento inadequado” em algum segmento de rede, a fiscalização da Aneel parte para uma análise mais detalhada, com inspeção in loco. Para Pepitone, a Aneel “não é senhora de todos os itens” em funcionamento no sistema de transmissão que, ao todo, alcança 155 mil quilômetros de extensão. O diretor classificou o desligamento da rede da Isolux como “grave” e disse que o órgão não mede esforços para apurar as causas do blecaute e aplicar as “medidas corretivas” necessárias aos responsáveis.
Ao falar do desafio de fiscalizar as redes de transmissão do país, o diretor da agência informou que são acompanhados os indicadores de 1.418 linhas de alta tensão e 409 subestações de energia espalhadas por todo o país. “A Aneel não consegue verificar sozinha a rede de transmissão do Rio Grande do Sul ao Amazonas”, afirmou.
A subestação de energia em Macapá é de responsabilidade da Isolux. A empresa já foi alvo punição pela Aneel em 2017 quando sua matriz, na Espanha, entrou em recuperação extrajudicial e começou a atrasar a entrega de linhas de transmissão no Brasil. Pepitone classificou o apagão como “grave” e ressaltou que, “antes de uma questão técnica, é uma questão social”.