Pouco afetada pela crise, transmissora encerrou segundo trimestre com forte resultado e avanços no plano estratégico
Fonte.: Valor Econômico / Por Letícia Fucuchima — De São Paulo
Atuante em um dos segmentos menos abalados pela pandemia, a transmissora ISA Cteep encerrou o segundo trimestre com forte crescimento dos resultados. De acordo com o presidente, Rui Chammas, mesmo num cenário mais desafiador, a companhia tem conseguido avançar com seu plano estratégico, elevando investimentos em projetos de transmissão ‘greenfield’ e em reforços e melhorias, e também desenvolvendo uma nova área voltada a negócios imobiliários.
Entre abril e junho, a ISA Cteep obteve um lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 880,5 milhões, 90,3% acima do registrado em igual período do ano passado. Levando em conta o resultado regulatório, o lucro chegou a R$ 920,7 milhões, alta de 283,1% na base anual. No mesmo período, o Ebitda subiu 77,4%, para R$ 1,25 bilhão, enquanto a receita operacional líquida, avançou 58,1%, para R$ 1,52 bilhão.
Os números foram impulsionados pela revisão tarifária aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no fim de junho, referente ao contrato de concessão prorrogado em 2013. “Além dos eventos regulatórios, a companhia também está fazendo o dever de casa. Continuamos com os investimentos em reforços e melhorias, que geram receita adicional, e estamos reduzindo gradativamente nossos custos através de automação e digitalização dos processos”, afirma o diretor financeiro e de RI, Alessandro Gregori.
Sem enfrentar grandes dores de cabeça por causa da pandemia, a companhia tem avançado na criação de um braço de “real estate”. Em maio, foi fechado o primeiro negócio, com a prefeitura de São José dos Campos: foram negociados 395 mil m2 de faixas de domínio, no valor de R$ 73,5 milhões, para o desenvolvimento de um projeto de mobilidade urbana do município.
“Esse é apenas um exemplo do que pode ser feito em termos de geração de valor, considerando nosso grande banco de terrenos”, afirma Chammas.
A ideia é explorar áreas de propriedade da companhia que não sejam necessárias para os serviços de transmissão de energia elétrica.
Para isso, a empresa precisa fazer um levantamento detalhado de todos os terrenos e avaliar onde valeria a pena investir para transformar as áreas e liberá-las para exploração imobiliária. A comercialização dessas áreas ou a exploração junto a um parceiro precisariam de aprovação da Aneel.
Ainda não foram feitas estimativas do quanto o negócio de “real estate” poderia gerar em receitas. Porém, a Cteep acredita que há bom potencial, considerando a quantidade de terrenos proprietários e sua localização – só na Grande São Paulo, são 700 mil m2. Por ano, a companhia paga mais de R$ 40 milhões em IPTU.
Em transmissão de energia, a empresa está se preparando para participar do próximo leilão do governo, marcado para dezembro, e deve seguir aumentando os investimentos em reforços e melhorias das linhas existentes.
Também estuda oportunidades de potenciais aquisições. Quanto à gestão de dívida, a Cteep está avaliando alternativas no mercado. “O mercado [para captações] de longo prazo já abriu novamente. Hoje, vemos opções de captar 10, 15 e até 20 anos, com custos interessantes”, afirma Gregori.