Por Luciano Costa
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), admitiu nesta quarta-feira que tem encontrado dificuldades políticas para levar adiante o plano de privatizar a elétrica estadual Cemig e disse que o foco de sua gestão no momento é a venda da Codemig, que tem direitos de exploração de nióbio.
Logo da Cemig em painel na bolsa de valores de São Paulo 25/07/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
No começo do ano passado, executivos da Cemig chegaram a apontar a expectativa de que a privatização da empresa pudesse avançar na Assembleia Legislativa do Estado ainda em 2019, mas o governo mineiro ainda não apresentou um projeto sobre a desestatização até agora.
“A privatização sempre fez parte de nossa pauta. Infelizmente, até o momento, não houve clima político, o mineiro tem ainda um apego muito grande, principalmente à Cemig”, disse Zema, ao participar de transmissão ao vivo da Genial Investimentos.
“Nós temos privilegiado a privatização da Codemig, que é uma empresa desconhecida, porque detém apenas os direitos minerários do nióbio. Mas a pauta do meu governo realmente é privatizar todas empresas”, acrescentou.
A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) é uma empresa de capital misto. A empresa dedica-se à exploração de nióbio em Araxá em parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).
No caso da Cemig, que tem ativos de geração e transmissão de energia e é responsável pela distribuição de eletricidade em Minas, uma desestatização exigiria aprovação em plebiscito popular ou uma mudança na Constituição estadual para retirar essa obrigação.
Analistas políticos já projetavam que o governo de Zema deveria ter desafios para levar a venda da elétrica adiante, em meio à falta de base política da gestão no Legislativo e à importância simbólica para os mineiros da companhia, criada em 1952 pelo então governador estadual Juscelino Kubitschek, conforme publicado pela Reuters em agosto passado.
Zema disse que o plano para a venda da estatal envolverá mudança constitucional, uma vez que avalia que uma votação popular sobre o destino da companhia seria “extremamente onerosa e complexa”.
Ele também afirmou que teve muitas dificuldades no relacionamento com a Assembleia Legislativa, principalmente até o final do primeiro trimestre deste ano, quando promoveu mudanças em suas lideranças políticas.
“Como o Partido Novo não havia assumido nenhum cargo político, não tínhamos ninguém com histórico político. Somos todos novatos na questão de carreira política”, explicou.
“Desde março… o relacionamento com a Assembleia melhorou bastante… até o recesso de meio do ano teremos um grande avanço, principalmente na votação das reformas estruturais”, afirmou o governador.
Ele não apontou, no entanto, cronogramas estimados para o andamento das desestatizações da Cemig e da Codemig.