Fonte.: Valor Econômico / Ivo Ribeiro — De São Paulo
Empresa da família Araripe tem na carteira projetos que somam 1,5 GW de potência em parques eólicos no Rio Grande do Norte e Bahia
O acordo com a Anglo American, que acaba de ser fechado, de venda de uma grande fatia de energia do complexo eólico Rio do Vento, foi importante na estratégia da Casa dos Ventos, empresa desenvolvedora e operadora de projetos eólicos no país, disse ao Valor o diretor de novos negócios da empresa, Lucas Araripe.
O modelo adotado em quatro empreendimentos é de vender a energia para grande consumidores corporativos – indústria de capital intensivo, como a Vale e a Anglo American, e de outros ramos, como Azaleia Vulcabrás e a Tivit, de tecnologia. São contratos de longo prazo, 20 anos. Além da aquisição, essas companhias têm a opção de adquirir uma fatia societárias das Sociedades de Propósito Específico dos parques, tornando-se autogeradores.
Segundo Araripe, o contrato com a Anglo é o maior PPA (Power Purchase Agreement) corporativo de energia renovável do Brasil. Com outros dois que a mineradora já tinha firmado desde janeiro, ela se tornou a segunda companhia em compra de bloco desse tipo de energia no mundo em 2020, ficando atrás apenas da Amazon.
De acordo com Araripe, há esse movimento de compra de energia renovável por grandes empresas diretamente das fontes “É uma tendência que verificamos e, por trás dela, tem dois motivos. Primeiro, o econômico: eólica e solar se tornaram fontes de energia muito competitivas em custos. O ganho financeiro se justifica”, afirma o empresário. O outro ponto é o lado da sustentabilidade, a “agenda verde” das empresas, dentro de seus programas de redução de gás carbônico.
Rio do Vento, em duas fases, é o grande empreendimento em execução pela Casa dos Ventos, num total de 1,5 GW. O primeiro foi Folha Larga Sul, do ano passado, negociado com a Vale. Localizado em Campo Formoso, na Bahia, terá potência instalada de 151 MW, com investimento de R$ 750 milhões e começa a operar este ano.
Segundo Araripe, no momento a empresa já trabalha a duplicação de Rio do Vento, com mais R$ 2,4 bilhões de investimentos. “A linha de transmissão que está sendo erguida serve para todo o Rio do Vento e já estamos conversando com outros grupos que seriam os compradores dessa energia”. O quarto projeto, denominado Babilônia, está sendo desenvolvido também na Bahia, com potência de 350 MW e operação em 2023.
Os desembolsos, disse, são 30% de capital próprio e 70% de financiamentos de longo prazo pelo BNDES e Banco do Nordeste.