Ativos ligados são os de melhor desempenho desde o pico histórico de 23 de janeiro; bancos e construtoras vão mal
Fonte.: Veja / Por Luisa Purchio
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Desde meados de março, quando o Ibovespa alcançou seu nível mais baixo desde o início da pandemia da Covid-19, o índice vem se aproximando a passo lentos do patamar pré-crise, acompanhando as principais bolsas internacionais. Na segunda-feira 20, o Ibovespa fechou acima dos 104 mil pontos — antes da crise da Covid-19 ele fluutuava ao redor de 115 mil pontos. Alguns fatores contribuíram para que os ativos brasileiros saíssem do fundo do poço.
Em primeiro lugar, a Selic em baixas históricas e o incentivo dos influencers financeiros levaram a uma entrada em massa de pessoas físicas na B3: um estudo do BTG Pactual mostrou que em maio e em junho o volume movimentado pelos pequenos investidores de varejo na B3 se equiparou ao movimentado por investidores institucionais, como fundos e bancos.
Além disso, o governo Bolsonaro está menos desalinhado com o Congresso, o que dá melhores perspectivas de aprovação das reformas estruturais e aumenta a confiança do mercado. Como toda crise, alguns setores foram mais impactados que outros. Um ranking elaborado por VEJA, no período de dia 23 de janeiro, pico histórico do Ibovespa, até a segunda-feira 17, mostra quais são os segmentos da B3 mais afetados pela crise da Covid-19 e os que melhor sobreviveram ao congelamento da economia durante a quarentena.
Em primeiro lugar, o segmento que mais se valorizou na B3 foi o BDRX, ou Índice de Recibos de Depósitos Brasileiros, ao qual pertencem ações de empresas estrangeiras negociadas na bolsa brasileira. Com valorização de 129% no período, dele fazem parte companhias que vem despontando na crise e que são responsáveis pelo crescimento das bolsas de Nova York: as Big Techs, entre elas Apple, Microsoft, Amazon, Alibaba e Facebook. Em meio à pandemia, o isolamento social e o home ofice explodiram o valor dessas empresas. Para se ter ideia, o índice americano Nasdaq, composto por empresas de tecnologia, valorizou 112% no período.
Quanto às empresas brasileiras, as pertencentes ao setor elétrico foram as que tiveram melhor desempenho no período. Dessa forma, o Índice de Energia Elétrica ficou em segundo lugar no ranking, sendo o segmento brasileiro que possuiu menor desvalorização no período, se mantendo em 17 de julho em 92% do valor de 23 de janeiro. A razão é simples: energia faz parte dos chamados setores defensivos, e junto com gás e saneamento básico continuam sendo consumidos mesmo em momentos de crise. Além disso, na área de transmissão de energia os contratos de concessão são firmados a longo prazo e em cima de quantidades e preços pré-definidos, o que permite que elas fiquem blindadas em crises de curto e médio prazo. Já as distribuidoras de energia foram menos impactadas pelo fechamento do comércio e pela inadimplência devido aos auxílios do governo que vigoraram entre abril e junho. A mesma lógica de serviço essencial ocorreu com o Índice do Setor de Utilidade Pública, que ficou em terceiro lugar, em 91%.